sábado, 12 de julho de 2014

Eu vejo o futuro consolidar o passado



A literatura mundial é rica em obras de ficção que acabam prevendo o futuro, algumas vezes de maneira positiva, outras de maneira assustadoramente negativa. Pelo visto, agora no Rio de Janeiro, vivemos uma clara consolidação de uma ficção de muitos anos atrás.

A decisão judicial e a ação policial que resultou na prisão e detenção de muitos cidadãos ligados as manifestações sociais, que tiveram seu auge em junho do ano passado, mostra que as autoridades do estado são fãs da obra de ficção Minority Report, escrita pelo estadunidense Philip K. Dick (1928-1982). O livro virou filme em 2002, dirigido por Steven Spielberg e estrelado Por Tom Cruise.

Na história, um chefe de uma divisão especial da polícia que atua na prevenção de crimes de homicídio, prendendo os criminosos, antes que os fatos ocorram. Os crimes são previstos por criaturas conhecidas como Precogs. Até que essas criaturas preveem que o mesmo policial se tonará um assassino e por isso deve ser preso. O enredo da história se passa na luta do policial para provar sua “inocência” e consequentemente manter sua liberdade.

Pelo visto, a justiça e a polícia fluminense vivem uma espécie de “Síndrome de Precogs” e busca agora justificar as prisões arbitrárias, que conta também com a participação de outras forças policiais, a possibilidade de novos protestos violentos, que depredem patrimônios públicos e privados e colo quem em risco a integridade física de terceiros.

Tal ação é uma afronta ao Estado Democrático de Direito. Para que algum cidadão seja detido, é necessário que exista uma acusação formal contra o mesmo. Não adianta se basear em suposições futuras ações que podem infringir a lei vigente.

É necessário garantir a todo e qualquer cidadão, o direito a manifestação e a liberdade de expressão, direitos que foram atropelados pelos representantes do poder público. Quem extrapolar dos direitos garantidos pela legislação brasileira deve sim ser responsabilizado, mas somente após a consolidação dos fatos. Caso contrário, estaremos consolidando o passado vislumbrado por Philip K. Dick, em Minority Report e quem já leu o livro e ou viu o filme sabe que o final da história não é algo bom.

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